quarta-feira, 13 de junho de 2012






Soyo (anteriormente conhecida como Santo António do Zaire) é uma cidade de Angola. Fica situada ao norte do País, já na divisa com o Congo. Possui a Barra do Kuanda, onde tem um grande porto. Região que vive do trabalho petrolífero.

História

Soyo (originalmente escrito "Sonho" e pronunciado Sonyo) era uma província do Reino do Kongo, que se estendia a sul da foz do rio Congo (ou Zaire).
Quando os primeiros portugueses chegaram, em 1482, Soyo já era uma entidade administrativa, cujo administrador tinha o título de Mwene Soyo ou "Senhor do Soyo". O governante foi o primeiro a ser baptizado quando os missionários católicos chegaram ao reino do Kongo em 1491.
Durante o século XVI Soyo era governado por um membro da família real Kongo, nomeados pelo rei e servindo por um período limitado. O governante na altura em que chegaram os portugueses, foi batizado de Manuel, dizia-se que era o tio do rei governante. Dentro de supervisão do Kongo, Soyo, foi autorizada a expandir e conquistar outras regiões sob o domínio real. Assim, Nzinga Nkuwu, rei do Kongo em 1491 permitiu uma expansão do território do Soyo, na sequência do batismo do governante. Esta expansão permitiu que Soyo controlasse várias sub-provincias, incluindo Pambala, Kimi, Tubii, ao longo do rio Congo e Lovata (entre outros) ao largo da costa atlântica.
O porto de Soyo (Mpinda), localizado próximo à foz do rio Congo, tornou-se um importante porto no comércio do século XVI do Kongo. A comunidade de portugueses aí radicados utilizava esse porto para o comércio de escravos, marfim e cobre. Um inquérito real do Kongo de 1548 revelou que mais de 4.000 escravos saíram do porto Mpinda para a colônia ilha de São Tomé, e depois para o Brasil a cada ano.
No início de 1590, Miguel foi designado Conde quando o rei do Kongo Álvaro II adoptou o estilo europeu de títulos de nobreza. No entanto, ele acabou por se distanciar das ambições de Álvaro e houve um longo período de considerável tensão entre Kongo e Soyo, resultando no reconhecimento de Miguel como um governante mais ou menos independente. Porém nos reinados seguintes continuaram a ser os reis do Kongo continuaram a designar os governantes de Soyo.
Já no século XVII, mais propriamente entre 1620 e 1640, houve várias guerras civis no reino do Kongo e muitas vezes os próprios governadores da região de Soyo era chamado para ajudar.
Mas em 1641, Daniel da Silva substituiu Paulo (anterior conde de Soyo) e foi imediatamente contestado pelo recém-empossado rei Garcia II do Kongo, que procurou substituí-lo. Conde Daniel resistiu, alegando que o conde do Soyo tinha o direito de ser selecionado através de eleição de seus próprios subordinados nobres. Garcia tentou retornar Soyo para seu controle por guerras, mas as tentativas de Garcia, em 1641, 1643, 1645 e 1656 falharam todas, muitas vezes com grandes perdas. Isto deve-se principalmente ao facto de que os exércitos reais não poderiam atacar a área fortificada arborizada do Soyo chamado Nfinda Ngula perto da capital.
O Soyo, tornou-se mais independente, e o seu governante tomou o título de Príncipe, e em seguida, Grande Príncipe de Soyo no final do século XVII e início do século XVIII. Soyo participou activamente na política Kongo durante e depois do reinado de Garcia II, especialmente como defensores do ramo Kimpanzu da família.
Em 1670, o governador português destacado para assumir Kongo, que estava envolvido numa guerra civil, invadiu Soyo. Depois de uma primeira vitória, as forças portuguesas foram completamente derrotadas por Soyo, na Batalha de Kitombo, em Nfinda Ngula perto da capital. O dia da vitória, 18 de outubro de 1670, e no dia de São Lucas, é considerado um feriado importante

VISITA DO SECRETÁRIO DE ESTADO PARA OS DIREITOS HUMANOS_ ANTÓNIO BENTO BEMBE A MBANZA KONGO

11-06-2012 12:27



Zaire
Bento Bembe reconhece haver avanços no domínio dos direitos humanos no país

Mbanza Kongo – O secretário de Estado para os Direitos Humanos, António Bento Bembe, reconheceu hoje, segunda-feira, em Mbanza Kongo, província do Zaire, haver avanços significativos neste domínio ao nível do país.


“Actualmente, o Executivo angolano tem dedicado bastante atenção à questão dos direitos humanos. Os vários programas sociais, as políticas públicas levadas a cabo pelas autoridades do país têm como objectivo a materialização dos direitos dos cidadãos”, sublinhou.


Em declarações à imprensa, momentos após a sua chegada a Mbanza Kongo no quadro da sua visita de cinco dias ao Zaire, Bento Bembe referiu que esses progressos se evidenciam principalmente nos domínios sociais, considerados imprescindíveis para o pleno gozo dos direitos dos cidadãos.


“A primeira vez que visitamos a província do Zaire, em 2009, tomamos nota de certas questões que na altura eram preocupantes, nomeadamente a cadeia provincial, as vias de acesso e muita imigração ilegal", disse.


Nesta visita, acrescentou, "faremos uma avaliação para aferir os avanços registados nesses sectores”.


Para o secretário de Estado para os Direitos Humanos, a oportunidade será aproveitada para a divulgação da cultura sobre os direitos humanos através da realização de palestras, bem como o projecto do seu pelouro que consiste na criação de espaços de debates sobre questões dos direitos humanos e boa governação.


Hoje, primeiro dia da sua visita ao Zaire, Bento Bembe e a delegação que o acompanha visitam, nesta tarde, as obras de construção e reabilitação de empreendimentos de impacto social em curso no município sede.

terça-feira, 12 de junho de 2012

GRANDE ZIMBABUE, O EL DOURADO DOS GRANDES LAGOS



Em 1868, o viajante e explorador alemão Adam Renders se perdeu numa profunda floresta do sul da África e acidentalmente se deparou com extraordinárias ruínas, perto do Lago Vitória. Tentando sair de lá, ele se moveu ao longo das paredes por algum tempo, tendo a impressão de que estava andando em círculos. Naquele momento ele não sabia que tinha encontrado as Grandes Ruínas de Zimbábue.

Essas ruínas, em sua maioria em forma cônica, apresentam uma extensão de aproximadamente 385 km. As construções foram feitas de pedra, divididas e separadas em blocos e colocadas juntas com algum desconhecido método e sem usar argamassa. Muitos curiosos questionam com que propósito foram construídos aqueles monumentos bizarros, sem portas, janelas ou qualquer outra abertura; ou quem construiu as paredes elípticas e as torres cônicas (trinta e três pés de grossura) chamadas de nuraghi, e que também podem ser encontradas na Sardinia (Sardenha), em Shetland, nas ilhas Orkney, Escócia e em muitos lugares ao redor do mundo.

No começo, Renders não prestou muita atenção nas desconhecidas ruínas. Porém, ele contou sua estranha história para o explorador e aventureiro, Karl Mauch, que três anos mais tarde, chegaria à costa oriental da África do Sul. Ele era um dos primeiros homens a encontrar ouro na região e pensou que os vestígios poderiam pertencer a legendária terra Ophir, famosa por suas minas de ouro e governada por um dos vassalos da Rainha de Sheba (Sabá). Sua teoria conectando as ruínas biblicamente com Ophir e as minas do Rei Salomão definitivamente trouxe desastrosas conseqüências para a região. O lugar tem sido exposto a pilhagem e devastação.

Os portugueses chegaram no Zimbábue no meio do século dezoito. Junto com eles chegaram novas teorias e sugestões. Alguns acreditavam que os vestígios foram construídos por uma raça branca perdida, há 1100 a.C e que tinham uma proposta astronômica; outros sugeriam que o quebra-cabeça das ruínas tinha sido construído por uma raça pré-histórica parecida com os construtores do Stonehenge. Mas. baseadas em crônicas de João de Barro, do século dezesseis, os nativos se referem às ruínas como Zimbábue. Ninguém sabe quando e quem as fez. As pessoas do local não sabem nem ler e escrever, o que torna difícil encontrar qualquer registro histórico. Entretanto elas estão convencidas que as estruturas são trabalho do Diabo.

Na cidadela, haviam sido encontrados alguns pássaros de pedra sabão, colocados em cinco pesados pedestais de pedra. Um número de achados que nos remetem a antiga civilização Egípcia e a América Pré-Colombiana. O que as Ruínas de Zimbábue têm em comum com as civilizações acima citadas? O falcão, um dos primeiros animais venerados no Egito, diziam que era personificação do deus Hórus, que fez o céu. Hórus, era venerado ao longo do delta do Nilo. Seu culto se propagou por todo o Egito, ele era uma manifestação de deus vivo. As similaridades nessas construções são claramente visíveis.

O arqueólogo francês e jornalista Robert Charroux escreveu: "No meio das ruínas, mas em bom estado de preservação, nós encontramos, como em Machu Picchu, no Peru, altas torres ovais como silos, sem fendas nas paredes, e que só poderiam ser habitadas por homens voadores... Em Machu Picchu eles de fato chamaram: o domicílio dos homens voadores."

Todas essas teorias são consideradas absurdas e o mistério do grande Zimbábue provavelmente nunca será revelado.

ANTÓNIO BRÁULIO DE MÁRIO KANGALA, PHILOSOPHE





sexta-feira, 8 de junho de 2012

Reino do Kongo Dia Ntotila.
Expedição Portuguesa comparecendo perante

o rei do Congo © National Maritime Museum.

“Makukua Matatu Malemb’e Kongo” é uma expressão que, de acordo com a tradição oral, nos leva a entender, que o reino do Congo era um todo composto por três partes distintas: “Makukua”; “Matatu”; “Malemb’e”. O relato de Ana Maria de Oliveira – no seu trabalho de investigação intitulado “Elementos Simbólicos do Kimbanguismo”, saído a público em 1999, através de uma edição da Missão de Cooperação Francesa –, refere-se aos três troncos da termiteira e também às três pedras ao fogo que suportam a panela, o que, em sentido figurado significa: a lareira, a casa materna e, por analogia, o lugar onde se cria, onde se decide, o centro onde tudo começou. Daí que “Makukua Matatu Malemb’e Kongo” pode, em princípio, ser aceite como “as três lareiras, as três pedras de base, as três partes, a trindade que formava o antigo reino do Kongo”. Estas três componentes correspondiam a três áreas geograficamente distintas e bem diferenciadas do ponto de vista sócio-econômico, cada uma delas associada a um dos três descendentes do manikongo (rei do Congo).

O antepassado de todos os Bakongo (a “mãe grande” que a tudo deu início) é “Nzinga”, filha de “Nkuvu”, casada com “Nimi” e de quem teve dois rapazes e uma menina, respectivamente, “Vit’a Nimi”, “Mpanzu’a Nimi” e “Lwkeni Lwa Nimi”. Os três constituíam a base da sociedade do reino do Congo: “Makukua Matatu Malemb’e Kongo”. O nome das três crianças associado ao nome de “Nzinga” representa a linhagem “Tuvila”.
“Vit’a Nimi”, o filho mais velho de “Nimi”, a quem se chamou “Ne Nvunda” era também conhecido por Nsaku, que significa aquele que traça os destinos do Congo. Daí que, deste ramo tenha surgido uma descendência de diplomatas, pois sempre que os “ntotila” tinham necessidade de enviar embaixadas ou missões ao estrangeiro, escolhiam individualidades do ramo “Kisaku”.
O segundo filho, “Mpanzu’a Nimi”, teve uma descendência numerosa. Era por natureza guerreiro. Também um excelente agricultor e um bom conhecedor de minerais.
Lukeni foi a mais difícil de criar. Dai ser também conhecida por “Vuzi”; ou seja, aquela que cria problemas. Era muito bela e desprezava quase tudo o que comia, excepto carne. Casou e teve três filhos, que eram também muito admirados, quer pela sua beleza, quer pelo seu carácter. Cada um destes três filhos de “Nzinga” recebeu uma parcela do território do reino do Congo.
A fronteira de cada área geográfica era delimitada com uma plantação de uma árvore de nome “Nsanda”, que simboliza vitalidade e firmeza.
Nas áreas territoriais pertencentes a um grupo diferente era associado um outro símbolo de referência.

As fronteiras do Reino do Kongo

Mbanza Congo era a capital administrativa do reino do Congo, cujas delimitações, segundo Raphael Batsikama ba Mampuya ma Ndwala, citado por Ana Maria de Oliveira, correspondiam a um espaço territorial “entre o segundo e o décimo terceiro grau a Sul do Equador”, o que equivalia a uma linha imaginária, que ia do Cabo de S. Catarina, no Atlântico, ao ponto de convergência com o rio Cuango. A Ocidente, o reino do Congo estava demarcado pelo Oceano Atlântico e a Este “tocava o país dos Lunda”.
Considerando a actual configuração geográfica angolana, o grupo etnolinguístico Bacongo, que vive essencialmente da agricultura, mas também da pesca (os solongo) e do comércio (os zombo), ocupa as actuais províncias administrativas de Cabinda, Zaire, Uíge e uma parte do Kwanza-Norte e foi o primeiro a ter contacto com os portugueses.

As datas do “descobrimento”

No seu livro, intitulado “Religiões de Angola”, editado em Lisboa, em 1969, pela Junta de Investigações do Ultramar, Eduardo dos Santos diz-nos que está ainda por esclarecer o ano em que o navegador português Diogo Cão chegou à foz do rio Zaire. As dúvidas andam em torno da data (1482) inscrita no Padrão de Santo Agostinho, erguido no cabo de Santa Maria, e dos anos que nos falam João de Barros (1484), Duarte Pacheco Pereira (1484), Rui de Pina (1485), Garcia de Resende (1485), D. Francisco de S. Luís (1485).

As relações de horizontalidade entre o Reino do Kongo e o Reino de Portugal

De acordo com Gerald J. Bender, em “Angola sob Domínio Português”, na costa ocidental de África, os reinos do Benin e do Congo assemelhavam-se ao pequeno reino de Portugal, quanto ao número de habitantes (cerca de um milhão); “noutros aspectos, porém (por exemplo, grau de centralização, controlo político, manufactura de vestiário e artefactos), ultrapassavam talvez o Portugal medievo”. Daí que, as primeiras iniciativas diplomáticas, entre o reino de Portugal e estes dois potentados africanos, se tivessem caracterizado pela procura de uma maior horizontalidade no estabelecimento das suas relações. A comprovar este fato, podemos levar em conta:

- A consagração do baptismo do manicongo Nzinga-a-Nkuvu, a 3 de Maio de 1491, com o nome de João e de sua esposa Mani Mombada, a 4 de Junho desse mesmo ano, com o nome de Leonor, dia em que também foi benzida a primeira pedra para a construção da igreja em Mbanza Congo, dedicada a Santa Cruz;
- Em 1508, D. Afonso do Kongo enviou a Portugal uma embaixada, da qual faziam parte, seu irmão D. Manuel e seu primo D. Pedro, este com o propósito de trazer para Mbanza Congo o modelo de organização do reino português;
- Em 1515 partiu para Lisboa o próprio filho do manicongo Mbemba-a-Nzinga, D. Henrique, para ser educado num seminário, tendo ficado a residir no Mosteiro de Santo Eloi. A 3 de Maio de 1518, D. Henrique recebeu, em Roma, do papa Leão X, o título de bispo Uticense. Posteriormente, voltou a Lisboa, ficando ligado à Congregação de S. João Evangelista do Espírito Santo. Regressou ao reino do Congo e, em 1521, voltou a Portugal e também a Roma, em 1523.
Ainda de realçar o teor de uma das várias cartas de D. Afonso do Kongo ao rei D. Manuel, datada de 31 de Maio de 1515, solicitando que Manuel Vaz ficasse responsável pelas suas mercadorias em Portugal: “Muito alto e poderoso Senhor – Porquanto queríamos mandar alguma nossa fazenda a esses reinos como já temos escrito em outra a vossa alteza para nos prouvemos de algumas coisas assim para que cumpre para nossa fé como para nossa pessoa, rogamos a Manuel Vaz vosso criado que ora cá veio que quisesse tomar cargo de nossas coisas portanto é homem que sempre achamos muito fiel de algumas coisas que lhe mandamos, e a nossa gente toda estar bem com ele e ele nos ter muito bem servido assim lá o que a nós cumpria como cá e por saber o que cumpre para nós melhor que ninguém, e ele nos disse que o não havia de fazer sem vossa alteza lho mandar, pelo qual pedimos a vossa alteza que lhe mande que tome cargo de nossas coisas e nos sirva nisto, porquanto não temos homem nesses reinos de quem confiemos a nossa fazenda senão deste e quando por sua vontade não quiser, mande-lhe vossa alteza por força não que receberemos muita mercê: e nos tornamos ora enviar a D. Francisco e D. Pedro Afonso nossos sobrinhos para pedir esta e as outras mercês que a vossa alteza enviamos, pedir os quais encomendamos a vossa alteza como nossos parentes que são, Nosso Senhor acrescente os dias e estado de vossa real alteza e seu santo serviço. Escrita na nossa cidade do Congo ao derradeiro dia do mês de Maio, João Teixeira o fez de mil quinhentos e quinze anos. El-Rei D. Afonso”.

A contribuição para a criação dos Estados-Nação

A herança cultural do antigo reino do Congo encontra-se, hoje, dividida e subordinada às distintas identidades políticas em Angola, nos dois Congos e no Gabão. Cabe agora aos quatro Estados independentes e soberanos, edificarem, em cada um deles, as suas respectivas nações, onde, evidentemente, os interesses políticos, económicos e sociais se apresentam bem diferenciados uns dos outros, independentemente do legado cultural comum se manter vivo e em permanente interacções com outras culturas africanas e não só, num espírito de respeito e aceitação mútua.
* Ph.D em Ciências da Educação e Mestre em Relações Interculturais.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Patrício Batsîkama


Workshop sobre "O Reino do Congo e a Sua Origem Meridional"


Na sala cheia, ao centro podem ver os sacerdotes bakongo com os coloridos casacos de tecido tradicional e do lado direito os sobas no uniforme bege. No palco, tem a palavra o escritor Patrício Batsîkama. Na primeira fila, ao centro e de costas, o patrocinador desta conferência, S.Exa. Governador Pedro Sebastião.